quarta-feira, 21 de setembro de 2011

Um Deus

Não era chamativo, brilhoso, tampouco fantasmagórico. 
Era humano. Não parcialmente. Completamente.
Belatrice ao meu lado tinha os dentes cerrados, como se estivesse se segurando para não fazer alguma coisa. Eu não conseguia pensar em nenhuma escapatória. Embora o objetivo aqui não fosse exatamente fugir.
-Sinto o poder que erradia de você garota...
Okay..sua aparência não era a mais assustadora, mas, sua voz fez gelar meu ossos.  Com certeza aquela voz não era de um ser normal, ela tremia, e era abafada. Fria e grave, como um locutor de rádio fantasma, que vinha de um corredor cumprido, tenebroso... E os olhos eram de arrepiar, sua profundidade e magnetismo eram assustadores, pareciam desafiar o próprio mal, e parecia ser solidificado por medo, que agora cortava a minha garganta. 

-Afinal..oque é você?-minha voz saiu mais alta e grave do que de costume, oque era bom.
-Ele é um Deus Declan- Belatrice respondeu minha pergunta.
O som do meu choque foi alto e oco, no meio daquele salão infestado de cadáveres.
-Deus?!-indaguei ainda por lábios imóveis.
-Não Deus- ela murmurou em tom de desdém, eu vi a criatura abrir a boca para contestar, mas, Belatrice continuou- Deus Pagão, de séculos atrás..aliás ele deveria estar no inferno, mas por esses séculos conseguiu fugir, se esconder dos cães do inferno, pela magia. Um pacto... que ele fez, o tornou essa criatura infame e miserável que é hoje. Tudo em troca da adoração do povo Grego...mas, o tempo dele acabou, quando completou 100 anos, e hoje..-ela sorriu- Bom, vim levar sua  alma diretamente do lugar onde veio.
-Você parece ser constituída de medo Belatrice. Você tem medo do poder... do mesmo poder que o seu pai queria, e que matou tanta gente... Suas afeições são sua derrota, sua loucura, á base de todos os seus medos. O medo da perda... o fim da sua mãe, do seu irmão... sua família inteira, em baixo de lápides.
Aquilo soou tão cruel vindo dele, que por um momento quase cobriu meu interesse. A história de Belatrice estava a minha frente... finalmente. Tão á frente, exatamente como a morte certa.
Um barulho veio dela, como se estivesse engolindo alguma coisa.
-Se eu fosse você querida... me poupava. Os meios de me matar são escassos.
-Não é de minha natureza me poupar. As causas aparentemente perdidas, são as melhores- Ela exibiu um sorriso brilhante.
-Sabe oque é uma pena pequena Belatrice? Você trouxe bagagem... E isso não ajuda muito na hora de usar as mãos.
-Declan, não!!!-gritou ela, enquanto eu só percebia oque pretendia a criatura, quando eu já estava com as costas coladas contra a parede.
O monstro viera para mim, numa velocidade incrível! Antes disso eu senti alguém segurar meu tornozelo. Ela deu dois passos até mim, talvez com um fio de esperança de me ajudar, tampouco adiantou. Alguma coisa entrou em seu caminho, á empurrando para o chão. 
Eu á vi cair de costas, e pude ouvir o som oco de sua queda.
Foi apenas o tempo de uma piscada de olhos, e á sua volta já tinham tantas criaturas sombrias, que eu nem conseguia contar.
As criaturas eram feitas de...de...carne e osso! E tinham o olhar desfocado, como se não respondessem aos próprios atos. Belatrice se colocou de pé, e o grupo de olhos espectrais á seguiu. Ela deu um passo, e a roda se moveu com ela.


E pra quem tem duvidas de que as coisas nunca podem piorar... saibam que a tendencia nunca é melhorar, e sim arrebentar tudo de vez...




Continua...